O livro do Apocalipse (chamado também, erroneamente,Apocalipse de São João), é um livro da Bíblia — o livro sagrado do cristianismo — e o último da seleção do Cânon bíblico.
A palavra apocalipse, do grego αποκάλυψις, apokálypsis, significa "revelação", formada por "apo", tirado de, e "kalumna", véu. Um "apocalipse", na terminologia do judaísmo e do cristianismo, é a revelação divina de coisas que até então permaneciam secretas a um profeta escolhido por Deus. Por extensão, passou-se a designar de "apocalipse" aos relatos escritos dessas revelações. Devido ao fato de, na maioria das bíblias em língua portuguesa se usar o título Apocalipse e não Revelação, até o significado da palavra ficou obscuro, sendo às vezes usado como sinônimo (errôneo) de "fim do mundo".
O título correto do livro é "A Revelação de Jesus Cristo", sendo a ideia básica de que os eventos descritos no livro foram revelados a Jesus Cristo, e este mostrou a seus servos as coisas que aconteceriam em breve. João, o escritor do livro, não é seu autor, apenas o escriba, que escreveu o livro ditado pelo autor, Jesus. Por duas vezes, João relata que o conteudo do livro foi revelado através de anjos.
Neste livro da Bíblia, conta-se que antes da batalha final, os exércitos se reúnem na planície abaixo de "Har Meggido" (a colina de Meggido).Entretanto, a tradução foi mal-feita e Har Meggido foi erroneamente traduzido para Armagedom, fazendo os exércitos se reunirem na planície antes do Armagedom, a batalha final.
Eu, João, irmão vosso e companheiro convosco na aflição, no reino, e na perseverança em Jesus, estava na ilha chamada Patmos por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus. Eu fui arrebatado em espírito no dia do Senhor, e ouvi por detrás de mim uma grande voz, como de trombeta, que dizia: O que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas: a Éfeso, a Esmirna, a Pérgamo, a Tiatira, a Sardes, a Filadélfia e a Laodiceia.
Entretanto, correntes há que acreditam que o João mencionado aqui (referido como "João de Patmos") é outro indivíduo, diferente do apóstolo João. De acordo com Clarence Larkin, o fato do estilo deste livro ser totalmente diferente das epístolas de João é porque o autor do livro é Jesus Cristo, sendo João apenas seu escriba.
Cristianismo
Para os cristãos, o livro possui a previsão dos últimos acontecimentos antes, durante e após o retorno do Messias de Deus. Alguns protestantes e católicos entendem que os acontecimentos previstos no livro já teriam começado.
A literatura apocalíptica tem uma importância considerável na história da tradição judaico-cristã-islâmica, ao veicular crenças como a ressurreição dos mortos, o dia do Juízo Final, o céu, o inferno e outras que são ali referidas de forma mais ou menos explícita.
Teologia amilenista
Uma vez que o livro é escrito em linguagem simbólica, profética, dá margem a inúmeras interpretações pelos diversos segmentos cristãos.
A teologia amilenista traz em seu bojo a interpretação não-literal, isto é, as imagens que aparecem no livro significam algo, e, por isso, entende que o Milênio não será formado de mil anos literais, mas um período de tempo indeterminado (3 anos e meio, um tempo, dois tempos e metade de um tempo, 42 meses e 1260 dias são sinônimos e representam inexatidão de tempo). Neste tempo inexato, os povos serão chamados para servir Cristo e os que o seguirem serão marcados para a salvação.
Visão espírita
Segundo à visão espírita-cristã acerca do Livro das Revelações, João Evangelista, sob a orientação do Alto, deixa registrada para a posteridade uma carta em forma de revelação profética - Uma revelação autêntica sobre o futuro próximo a aquela época, e os tempos do fim. As mensagens e revelações contêm linguagem figurativa, que sugere as realidades espirituais em torno e por trás da experiência histórica. Evidências encontradas no próprio texto, indicariam que o Livro do Apocalipse fora escrito durante período de extrema perseguição aos cristãos, provavelmente no período compreendido entre o reinado de Nero, em julho de 64 d.C., e a destruição de Jerusalém, em setembro de 70 d.C., como relata Estevão, no livro Apocalipse - Uma Interpretação Espírita das Profecias.
A mensagem central do Apocalipse é que "já reina o Senhor nosso Deus, o Todo-Poderoso" (Ap 19:6). O objetivo da mensagem apocalíptica era fornecer estímulo pastoral aos cristãos perseguidos, confortando, desafiando e proclamando a esperança cristã garantida e certa, além de ratificar a certeza de que, em Cristo, eles compartilhavam o método soberano de Deus. Por meio da espiritualidade em todas suas manifestações, haveriam de alcançar a superação total das forças de oposição à nova ordem que se estabelecia, pois que essa constituía a vontade do Altíssimo.
Segundo o espiritismo, em desdobramento ("Eu fui arrebatado em Espírito" Apocalipse 1:10), João recebera as revelações na forma de figuras vividas e imagens simbólicas, que se assemelham àquelas encontradas nos livros proféticos do Antigo Testamento. Ele registra suas visões na ordem em que as recebeu, muitas das quais retratam os mesmos acontecimentos através de diferentes perspectivas. Sendo assim, ele não estabelece uma ordem cronológica na qual determinados eventos históricos devem necessariamente acontecer, nem encadeia as profecias do Apocalipse em uma sucessão cronológica.
O caráter do livro apocalíptico é perfeitamente demonstrado já no início do capítulo (Apocalipse 1:1). É uma revelação que o Alto proporciona, por via mediúnica, pois é transmitida a João por intermédio de elevado Mensageiro espiritual — o anjo que se lhe apresenta, ante a visão psíquica, os propósitos que o Cristo o transmitiu.
Nas comunidades religiosas da época, as chamadas ekklesias, começava a obra do "homem do pecado" (expressão de Paulo utilizada em II Tessalonicenses 2:3), isto é, a penetração de doutrinas humanas, que, lentamente, foram-se integrando ao núcleo primitivo do cristianismo, às comunidades cristãs. Nas epístolas aos seus discípulos Timóteo e Tito, bem como na carta aos hebreus, Paulo já chamava a atenção para o perigo de se desviar da "sã doutrina", como que prevendo as dificuldades que iriam abater-se sobre o edifício duramente construído da doutrina cristã (cf. 1Tm 1:10, Tt 2:1, Hb 13:9).
É em meio a esse clima que vieram os alertas do apóstolo João, no livro Apocalipse.
A interpretação espírita acerca do Livro das Revelações é dada através de um estudo onde adota-se o critério de analisar todas as profecias e os fatos históricos que lhes deram cumprimento. Esta interpretação não só aborda mas também explica em linguagem clara, a hermenêutica bíblica e os temas abordados no livro do Apocalipse, como as sete igrejas e os sete castiçais, os 24 anciãos e quatro seres viventes, os sete selos e os quatro cavaleiros, os quatro anjos e os 144 mil eleitos, os quatro animais de Daniel, o quarto animal e o dragão, o fim dos l.260 anos, o sétimo selo e os sete anjos, a sétima trombeta, as sete pragas e as sete taças, a besta e o falso profeta, o juízo final, a nova Jerusalém, e outros mais; sem que com isso, tenha a pretensão de esgotar o assunto e nem mesmo de deter a verdade absoluta dos fatos
Outras interpretações
As tradições esotéricas e místicas, como gnose, rosacrucianismo, maçonaria, trabalham, desde o tempo em que o livro foi escrito, a idéia de que o Apocalipse recorre a linguagem simbólica, que aponta para processos de transformação através dos quais o homem tem de passar para atingir a plenitude de seu Ser, e a plena União com o Divino.
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